quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A Busca


Sinopse
O desaparecimento de uma mulher, pertencente a uma grande família francesa, traz de volta, ao país de origem, Aarão, detective privado, bastante privado. Este ver-se-á envolvido numa trama demasiado complexa para quem está apenas habituado a seguir, a soldo de maridos traídos, o rasto de esposas infiéis. No Norte de Portugal, povoado de recordações nem sempre tranquilizadoras, o detective viverá uma estranha aventura na qual arrisca perder o que resta de si mesmo enquanto empreende a busca da misteriosa desaparecida...


Isto é que nós achamos que o livro trata. Ou melhor, é o que nós achamos que vai completar a totalidade das páginas do livro, porque depois de lido concluímos que apenas um quinta da escrita é a história apresentada em sinopse.

No regresso a Portugal motivado pela nova missão que tem em mãos, Aarão conhece em Orly uma mulher misteriosa de nome Aline de quem perde o rasto logo no inicio da viagem.
Em Portugal começa de imediato a investigação dirigindo-se a casa da pessoa desaparecida e logo nessa altura sofre um atentado à sua vida do qual se safa matando o criminoso.
Este suposto morto há-de aparecer mais tarde vivo, juntamente com uma outra figura que anos atrás Aarão também achava que tinha morrido.
Há-de sofrer mais atentados à sua vida dos quais sempre se vai safando com a morte dos criminosos (ou não).
Entre um atentado e outro procura um individuo que considera importante para a sua investigação e que se suicidou. Conhece a mulher desse que é a versão em moreno da mulher que conheceu em Orly e que se chama Nélia.
Quando mais tarde e pela primeira vez tem conhecimento do cliente e da esposa deste, descobre que François Deleuze é o seu sósia mas não parece dar-se conta disso e que a esposa desaparecida que se chama Liane é igual à mulher de Orly.

Depois de lido, conclui-se que o caso de investigação é apenas uma justificação para termos em cena aquele personagem, uma vez que depois de deslindado o caso este nada tem de misterioso e não conseguimos perceber o porquê do aparecimento em cena de personagens do passado de Arão (todas dispostas a acabar-lhe com a vida, diga-se de passagem, ainda que por encomenda de terceiros) e porque não morrem os que ele mata.

Neste caso o livro trata essencialmente das lutas de Arão. Lutas com o seu passado, com a tormenta de ter que lidar e querer justificar as decisões certas ou erradas que tomou e não tomou e a procura quase doentia da mulher perfeita que o faz envolver-se com vários tipos de mulheres, desde mulheres de "caracter duvidoso", a mulheres de "vida fácil", uma dessas mulheres que o livro nos fala desde o inicio ao fim, como sendo um anjo azul porque se vestia de azul e que quando nos aparece não é mais do que uma prostituta e não nos dão justificação para ser um anjo azul ou não porque não percebemos se sempre fora prostituta ou não.

Essa obsessão é-nos provada com o facto das três mulheres do presente serem iguais e terem o mesmo nome, apenas com grafismo diferente.

Todas estas dúvidas e assuntos apresentados sem explicações aliados à escrita de José Maria Ventura que não é uma escrita ligeira e fluída, tornam o livro pequeno fisicamente, demorado e cansativo de ler e de onde não se aprende nada. Posso estar a ser má critica, mas é o que eu penso.

José Maria Ventura, pelo menos neste livro, porque foi o único que li, tem uma escrita pesada, usa descrições complexas e cheias de sentimentos e sensações transformadas em situações palpáveis que juntamente com os longos parágrafos e com a inclusão no relato do presente da acção de situações do passado, me deixou muitas vezes ao longo da leitura na dúvida se o que estava a ser relatado era presente ou não e só muitas linhas depois percebi que era passado, quando o presente voltava à tona.

Depois de espremido não deu em nada, apenas me disse que Arão era um atormentado. Situação que pouco me interessou saber, uma vez que não serviu de nada no meio da acção principal, uma forma de dizer porque já vimos que não era a acção principal.

O passado é-nos narrado como "apoio" do presente vezes sem conta e ocupa mais espaço físico no livro do que a acção do presente e confirmamos que o livro não é sobre o presente - investigação do desaprecimento - mas sobre Arão propriamente dito e as culpas do seu passado no seu tormento do presente.

Não se lê bem ou rapidamente, é preciso alguma concentração na leitura e serviu apenas para ocupar umas horas enquanto esperava pelas novas leituras. Já tinha o livro em casa há algum tempo (acho que foi oferta) e nunca me tinha despertado interesse. Mas um dia, enquanto procurava um livro para ocupar tempo, encontrei-o.

Dizer que me arrependi de o apanhar e de o ler, não vou dizer porque é sempre bom saber o que há por aí escrito, mas não vou aconselhar porque não tenho dados positivos que me levem a fazê-lo e quando aconselho um livro é porque gostaria mesmo que alguém o lesse e o livro lhe tocasse como me tocou a mim.

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