quinta-feira, 22 de julho de 2010

Os Lusíadas em prosa - Parte II



Na minha procura da obra do post anterior, apareceu-me este livro e curiosa, comprei.
Confesso que me tinha despertado a curiosidade saber como iriam transformar em prosa, um poema tão especial e, comprei, mesmo sem ser o que procurava.

Não li na totalidade, acho que não vou ser capaz. Fiquei chocada!

Primeiro e como opinião geral: Qual é o interesse de "facilitar a vida" aos nossos estudantes e dar-lhes a conhecer um sucedâneo de uma das obras mais valiosas da nossa literatura?
Os Lusíadas são para ler em poema. Com as devidas métricas, palavras, expressões, tempos de escrita! São para tentarmos perceber o que cada canto nos quer dizer e para isso temos o professor para fazer-nos interessar pelo que estamos a ler!

"As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
..."
Podemos não gostar de poesia, mas atinge-nos!

"É minha intenção louvar os heróicos navegadores que, saídos de Portugal, seguiram por mares nunca dantes navegados, ultrapassando a fraca força humana e, assim, ultrapassaram a ilha de ceilão, antiga ilha de Taprobana, tão longinqua e dificil de atingir..."
E então,eu com isso? Como se costuma dizer por algo que não nos interessa.

Isto é alguma coisa?!

Isto é uma seca! Se acharam que os alunos não iam gostar de ler os Lusíadas como magnífica obra literária e poema que é, acham que eles vão gostar de ler isto? Eu não acho!
Posso estar errada, claro. Aceito sem problemas essa hipótese de erro, mas estão a destruir a ideia do poema. Do peso da obra. Dos comentários do meu tempo: Grande chatice, ler um poema sem sabermos o que lá diz... E ao fim e ao cabo, com a ajuda dos professores, ficávamos a saber o que lá dizia e nem era assim uma seca tão grande.
Vai ser mais interessante e pedagógico, passar a ouvir dizer: Os Lusíadas? Aquele livro escrito por um zarolho, sobre coisas antigas?

Este apontamento do "zarolho" deve-se à introdução do dito livro, onde Luís de Camões é apresentado na primeira pessoa, numa linguagem que eu classificaria de adequada ao 1º ano do ensino básico.

Os alunos devem ser incentivados, desafiados a procurarem mais, não facilitados com papa desfeita que fica em nada quando se vai comer.

E eu que sou absoluta fã do Plano Nacional de Leitura!

Nota final: Acham que os Lusíadas seriam o que são agora, se tivessem sido apenas uma história escrita em prosa?

1 comentário:

Ana disse...

Olá.
Lógico que o primeiro objetivo, e o artístico objetivo, não é a prosa. Mas a obra reescrita dessa forma é uma maneira de complementar a leitura da obra. Mas a obra em prosa tem o seu valor e deve ser tratada dessa forma! O bom professor consegue mostrar o valor de ambas a sua classe.

Um abraço!